quinta-feira, 14 de julho de 2011

Série Poesias III

Canto de Amor

I
Eu vi-a e minha alma antes de vê-la
Sonhara-a linda como agora a vi;
Nos puros olhos e na face bela,
Dos meus sonhos a virgem conheci.

Era a mesma expressão, o mesmo rosto,
Os mesmos olhos só nadando em luz,
E uns doces longes, como dum desgosto.
Toldando a fronte que de amor seduz!

E seu talhe era o mesmo, esbelto, airoso
Como a palmeira que se ergue ao ar,
Como a tulipa ao pôr-do-sol saudoso,
Mole vergando à viração do mar.

Era a mesma visão que eu dantes via,
Quando a minha alma transbordava em fé;
E nesta eu creio como na outra eu cria,
Porque é a mesma visão, bem sei que é!

No silêncio da noite a virgem vinha
Soltas as tranças junto a mim dormir;
E era bela, meu Deus, assim sozinha
No seu sono d'infante inda a sorrir!...

II
Vi-a e não vi-a! Foi num só segundo,
Tal como a brisa ao perpassar na flor,
Mas nesse instante resumi um mundo
De sonhos de ouro e de encantado amor.

O seu olhar não me cobriu d'afago,
E minha imagem nem sequer guardou,
Qual se reflete sobre a flor dum lago
A branca nuvem que no céu passou.

A sua vista espairecendo vaga,
Quase indolente, não me viu, ai, não!
Mas eu que sinto tão profunda a chaga
Ainda a vejo como a vi então.

Que rosto d'anjo, qual estátua antiga
No altar erguida, já cabido o véu!
Que olhar de fogo, que a paixão instiga?
Que níveo colo prometendo um céu.

Vi-a e amei-a, que a minha alma ardente
Em longos sonhos a sonhara assim;
O ideal sublime, que eu criei na mente,
Que em vão buscava e que encontrei por fim!

III
P'ra ti, formosa, o meu sonhar de louco
E o dom fatal, que desde o berço é meu;
Mas se os cantos da lira achares pouco,
Pede-me a vida, porque tudo é teu.

Se queres culto - como um crente adoro,
Se preito queres - eu te caio aos pés,
Se rires - rio, se chorares - choro,
E bebo o pranto que banhar-te a tez.

Dá-me em teus lábios um sorrir fagueiro,
E desses olhos um volver, um só;
E verás que meu estro, hoje rasteiro,
Cantando amores s'erguerá do pó!

Vem reclinar-te, como a flor pendida,
Sobre este peito cuja voz calei:
Pede-me um beijo... e tu terás, querida,
Toda a paixão que para ti guardei.

Do morto peito vem turbar a calma,
Virgem, terás o que ninguém te dá;
Em delírios d'amor dou-te a minha alma,
Na terra, a vida, a eternidade - lá!

IV
Se tu, oh linda, em chama igual te abrasas,
Oh! não me tardes, não me tardes, - vem!
Da fantasia nas douradas asas
Nós viveremos noutro mundo - além!

De belos sonhos nosso amor povôo,
Vida bebendo nos olhares teus;
E como a garça que levanta o vôo,
Minha alma em hinos falará com Deus!

Juntas, unidas num estreito abraço,
As nossas almas uma só serão;
E a fronte enferma sobre o teu regaço
Criará poemas d'imortal paixão!

Oh! vem, formosa, meu amor é santo,
É grande e belo como é grande o mar,
E doce e triste como d'harpa um canto
Na corda extrema que já vai quebrar!

Oh! vem depressa, minha vida foge...
Sou como o lírio que já murcho cai!
Ampara o lírio que inda é tempo hoje!
Orvalha o lírio que morrendo vai!...


 "Canto de Amor", escrito por Casimiro de Abreu, fala sobre um rapaz que sempre sonhava com uma moça quando fechava seus olhos e clamava por um amor. Certo dia, ele encontrou-a e soube, de imediato, que era ela: a garota que ele sempre sonhava. Porém, o que poderia ser uma história de amor não aconteceu. Ela nem sequer notou a presença do rapaz, que voltou novamente a sonhar com ela.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Série Poesias


A VALSA - Casimiro de Abreu


 

Tu, ontem,

Na dança

Que cansa,

Voavas

Co'as faces

Em rosas

Formosas

De vivo,

Lascivo

Carmim;

Na valsa

Tão falsa,

Corrias,

Fugias,

Ardente,

Contente,

Tranqüila,

Serena,

Sem pena

De mim!

 

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues,

Não mintas...

— Eu vi!...

 

Valsavas:

— Teus belos

Cabelos,

Já soltos,

Revoltos,                                                                                           

Saltavam,

Voavam,

Brincavam

No colo

Que é meu;

E os olhos

Escuros

Tão puros,

Os olhos

Perjuros

Volvias,

Tremias,

Sorrias,

P'ra outro

Não eu!

 

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues,

Não mintas...

— Eu vi!...

 

Meu Deus!

Eras bela

Donzela,

Valsando,

Sorrindo,

Fugindo,

Qual silfo

Risonho

Que em sonho

Nos vem!

Mas esse

Sorriso

Tão liso

Que tinhas

Nos lábios

De rosa,

Formosa,

Tu davas,

Mandavas

A quem ?!

 

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues,

Não mintas,..

— Eu vi!...

 

Calado,

Sozinho,

Mesquinho,

Em zelos

Ardendo,

Eu vi-te

Correndo

Tão falsa

Na valsa

Veloz!

Eu triste

Vi tudo!

 

Mas mudo

Não tive

Nas galas

Das salas,

Nem falas,

Nem cantos,

Nem prantos,

Nem voz!

 

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

 

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues

Não mintas...

— Eu vi!

 

Na valsa

Cansaste;

Ficaste

Prostrada,

Turbada!

Pensavas,

Cismavas,

E estavas

Tão pálida

Então;

Qual pálida

Rosa

Mimosa

No vale

Do vento

Cruento

Batida,

Caída

Sem vida.

No chão!

 

Quem dera

Que sintas

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!...

— Não negues,

Não mintas...

Eu vi!

 

 

 Outro poema que eu gosto muuito!Ele tem um ritmo gostoso...ao ler você sente como se estivesse dançando um valsa mesmo!

 


“A valsa” tem, como tema central, um sujeito lírico que observa uma donzela bailar pelo salão. Os versos do poema são constituídos por duas sílabas métricas. Como bem elenca Norma Goldstein (2006, p. 29), “nesse tipo de verso, o acento cairá necessariamente sobre a última sílaba, antecedida por uma sílaba breve (não-acentuada)”.

Na- VAL (sa)
Can- SAS (te)
Fi- CAS (te)
Pros- TRA (da)
Tur- BA (da)

A metrificação do poema, dessa maneira, contribuí, decisivamente, para trazer à tona o modo ligeiro de como a valsa é apresentada e dançada pela moça. Nos versos explicitados acima, percebe-se que a moça observada pelo eu-lírico, devido ao ritmo frenético da dança, acabará, extremamente, cansada. (Texto tirado de http://www.literaturaemfoco.com/?p=3344)


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Série Poesias

Como Eu Te Amo - (Gonçalves Dias)



Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,
O orvalho numa flor, nos céus a estrela,
No largo mar a sombra de uma vela,
Que lá na extrema do horizonte assoma;

Como se ama o clarão da branca lua,
Da noite na mudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vaivém a nau flutua;

Como se ama das aves o gemido,
Da noite as sombras e do dia as cores,
Um céu com luzes, um jardim com flores,
Um canto quase em lágrimas sumido;

Como se ama o crepúsculo da aurora,
A mansa viração que o bosque ondeia,
O sussurro da fonte que serpeia,
Uma imagem risonha e sedutora;

Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncio, e cores, e perfume, e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus:

                      ------------

Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-to os lábios meus, — mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti. — Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta de sofrer, por tudo eu te amo.
O que espero, cobiço, almejo, ou temo
De ti, só de ti pende: oh! nunca saibas
Com quanto amor eu te amo, e de que fonte
Tão terna, quanto amarga o vou nutrindo!
Esta oculta paixão, que mal suspeitas,
Que não vês, não supões, nem te eu revelo,
Só pode no silêncio achar consolo,
Na dor aumento, intérprete nas lágrimas.


————


De mim não saberás como te adoro;
      Não te direi jamais,
Se te amo, e como, e a quanto extremo chega
      Esta paixão voraz!


Se andas, sou o eco dos teus passos;
      Da tua voz, se falas;
O  murmúrio saudoso que responde
      Ao suspiro que exalas.


No odor dos teus perfumes te procuro,
      Tuas pegadas sigo;
Velo teus dias, te acompanho sempre,
      E não me vês contigo!


Oculto e ignorado me desvelo
      Por ti, que me não vês;
Aliso o teu caminho, esparjo flores,
      Onde pisam teus pés.


Mesmo lendo estes versos, que m'inspiras,
      — "Não pensa em mim", dirás:
Imagina-o, se o podes, que os meus lábios
      Não to dirão jamais!


————


Sim, eu te amo; porém nunca
Saberás do meu amor;
A minha canção singela
Traiçoeira não revela
O prêmio santo que anela
O sofrer do trovador!


Sim, eu te amo; porém nunca
Dos lábios meus saberás,
Que é fundo como a desgraça,
Que o pranto não adelgaça,
Leve, qual sombra que passa,
Ou como um sonho fugaz!


Aos meus lábios, aos meus olhos
Do silêncio imponho a lei;
Mas lá onde a dor se esquece,
Onde a luz nunca falece,
Onde o prazer sempre cresce,
Lá saberás se te amei!


E então dirás: "Objeto
Fui de santo e puro amor:
A sua canção singela;
Tudo agora me revela;
Já sei o prêmio que anela
O sofrer do trovador.


"Amou-me como se ama a luz querida,
Como se ama o silêncio, os sons, os céus,
Qual se amam cores e perfume e vida,
Os pais e a pátria, e a virtude e a Deus!"



 É um dos meus poemas favoritos!Lindíssimo!Um dos livros dos quais eu não me disfaço, infelizmente!
Infelizmente porque livros devem ser repassados, devem ter fácil acesso, a leitura deve ser difundida e livros devem ser compartilhados!
Assim acredito...
Mas meus livrinhos de poesias são minhas paixões, meus xodós!Já estão todos velhinhos, coitados, rasgados, com as páginas caindo...mas ainda são meus preferidos!=)
Meus companheiros nos melhores e piores momentos!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Músicas

Mine

Taylor Swift
You were in college working part time waiting tables
Left the small town never looked back
I was the flight risk with the fear of fallin
Wondered why we bothered with love if it never lasts


I say "Can you believe it?"
As we're lying on a couch
The moment I could see it
Yes yes I can see it now


Do you remember we were sitting there by the water
You put your arm around me for the first time
You made a rebel out of a careless man's careful
daughter
You are the best thing that's ever been mine


Flash forward and we'd been taking on the world
together
And there is a drawer of my things at your place
You learned my secrets and you figured out why I'm
guarded
You said we'd never make my parents' mistakes


But we've got bills to pay
We've got nothing figured out
When it was hard to take
Yes, yes
This is was I thought about


Do you remember we were sitting there by the water
You put your arm around me for the first time
You made a rebel out of a careless man's careful
daughter
You are the best thing that's ever been mine


Do you remember all the city lights on the water
You saw me start to believe for the first time
You made a rebel out of a careless man's careful
daughter
You are the best thing that's ever been mine



And I remember that fight, 2:30 A.M
Cause everything was slipping right out of my hands
And I ran out crying and you followed me out into the
street
Braced myself for the goodbye
Cause that's all I've ever known
And you took me by surprised
You said "I'll never leave you alone"


You said
"I remember how we felt sitting by the water
And every time I look at you is like the first time
I fell in love with a careless man's careful daughter
She is the best thing that's ever been mine"


Hold on
Make it last
Hold on
Never turn back


You made a rebel out of a careless man's careful
daughter
You are the best thing that's ever been mine